quinta-feira, 31 de março de 2011

Diferenças

Eu ganhei um ipod touch do marido esses dias, e agora a gente usa um aplicativo que funciona como um nextel. Quando um dos lados não tem conexão com a internet e você chama a pessoa, a mensagem fica gravada e você ouve na próxima vez que conectar.

Daí que fofa como eu sou, deixo várias mensagens pro marido. Te amo seu lindo e por aí vai.

Ele também me deixa mensagens.

Hoje, por exemplo, quando conectei ele tava fazendo o grunhido do filme do japinha mucho loco, o grito sabe? (clique aqui pra ouvir). Que meigo.

Logo em seguida, outra mensagem. Pensei que né, agora ele vai falar algo bem lindo.

Daí escuto a voz do assassino do pânico dizendo: Hello Sidney.

Ai gente, só amando muito viu.

terça-feira, 29 de março de 2011

adeus kika

Daí que a Kika morreu gente. Quietinha na sua cama. Ela já tava sofrendo há um tempo; ficou muito ruim, quase se foi, depois se recuperou por alguns meses. Kika era tipos José Alencar do mundo felino. Minha mãe fez um post sobre ela tão bacana que eu vou deixar aqui pra homenagear essa gatinha que nos acompanhou por 18 anos.


"...meu coração ainda chama por ela e eu a procuro pela casa obedecendo ao hábito de verificar se ela está presa em algum armário, se não ficou na sacada, essas coisas que o gatos adoram fazer. 

Ela era amável, arisca, amorosa, indiferente, orgulhosa, confortável, macia. Tomava banhos de sol sistematicamente no mesmo horário pela manhã: deitada de lado, oferecia ao sol a barriga e as patas (nunca a cabeça). Ia recuando até que ficassem somente as pontas das patinhas. "




















tchau kika, e obrigada por ter nos escolhido pra viver sua longa vida.

PS: enquanto escrevo esse post recebo a notícia que José Alencar morreu. E que bom pra ele, que parou com esse sofrimento sem fim.

quarta-feira, 23 de março de 2011

almoço de família

Eu falo alto, sempre falei. Assim como todas as mocinhas e senhoras da minha família.
Fui educada dessa maneira, não posso evitar!

Daí o marido definiu com um comentário fantástico os almoços de domingo em família.

"Não parece que está uma em cada cômodo da casa?"

=)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Era uma vez

Era uma vez uma garota de 17 anos que só pensava em música e internet. Ela era fã número 1 do Oasis e passava horas e horas ouvindo os cds e olhando os posteres na parede, e passava as noites escondida da mamãe na internet discada batendo papo no ICQ (é normal ela ainda lembrar da id no ICQ?). Alguns dias antes do show do Oasis, essa garota (auto apelidada de supersonic), encontrou um outro fã de Oasis (auto apelidado de Destino) no chat do uol. Papo vai, papo vem, ela descobre que ele é baterista de uma banda cover da sua banda favorita. Ela vai ao show dele onde juda perdeu as botas e se apresenta. Ele fica tão atordoado que quase cai quando sai de trás da bateria (tá, na verdade ele tropeçou no fio, mas certeza que já estava apaixonado). Dias passam lentamente, eles se falam pelo icq. Eis que na véspera do show ela toma um cano da sua melhor amiga e fica sem companhia. Sua mãe não a deixa ir sozinha. Ela liga pro Destino e se convida pra ir com ele e seus amigos. Ele aceita e avisa que estará na fila a partir das 7 da manhã (sim, o show era só de noite). Eles se encontram, conversam, sentam juntos na calçada. Ela faz carinho na cabeça raspada dele. Ele se vira e eles se beijam. E ficam se beijando o dia inteiro. E todos os dias desde então.

Por 13 anos.

Te amo lindo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

mendigos e eu

Eu tenho medo de mendigos. Medo mesmo. Não sei como agir, atravesso a rua, pode me chamar de cagona preconceituosa mas é simples assim, medo. Mas não é assim, do nada. Eu tenho toda uma história com essas pobres pessoas marginalizadas pela nossa cruel sociedade. 

Tem o Badu. Ou melhor, tinha, porque ele morreu deusmelivremasgraçasadeus. Meu irmão e os amigos dele falavam que ele era bróder e tals, mas meu, o cara fazia questão de me aterrorizar na rua. Sei lá, acho que eu emito alguma vibração de pânico que só os mendigos detectam. Sempre bêbado de álcool zulu, ele gritava comigo na rua e por várias vezes me perseguiu falando coisas em linguajar mendiguês. Eu saia correndo apressava o passo sem olhar pra trás. Um dia minha mãe me contou: "filha, fui na padaria e derrubei uma torta de morango no Badu; ele foi muito gentil, viu?" AFE. Mas ele morreu atropelado, bêbado, obviamente. Fim da minha história com Badu, o mendigo. 

E tem o mendigo que me atacou. Eu pegava um fretado às 6h30 da matina diariamente. O ponto ficava próximo do ponto final de um ônibus de linha, onde o cobrador e o motorista se encontravam e ficavam papeando. Estava eu lá numa manhã fria esperando o fretado (que já tava atrasado) e passa um mendigo doidão me pedindo 10 reais. Falei que não tinha. Ele saiu andando me xingando e eu já fiquei com medo (cadê esse maldito fretado que não chega)? Emanei a vibração de pânico e como todo bom mendigo que se preze, ele detectou. Daí que eu escuto o motorista do ônibus gritando: CORRE CORRE CORRE * barulho de vidro quebrando*. O puto do mendigo me tacou uma garrafa que não me acertou por milímetros, mas voaram caquinhos no meu cabelo. Só então eu saí correndo pra dentro do busão dos colegas (seu tempo de resposta pra obedecer um desconhecido que te manda correr do nada não é assim tão rápido tá, caso você esteja se perguntando). E o motorista ainda ficou chamando o mendigo pra briga, eu falando moço, deixa quieto, deixa ele ir embora e morrer atropelado e pronto. 
E o fretado não passou nesse dia. Nem depois. E nem nunca mais. Era um fretado pirata, que foi apreendido.  

É o mundo conspirando a favor dos mendigos.