Daí os meses passaram voando e lá fomos nós pra Buenos Aires com Felipe e Chaqueline ver Dave Grohl ao vivo.
Fomos ao estádio do River retirar o ingresso pra quarta e acabamos comprando, por inacreditáveis 90 reais (NOVENTA REAIS PORRA) ingresso pra terça também. Magina, 2 dias de Foo Fighters, que foda. E esse show de terça foi muito bom. Mas o de quarta, esse sim foi memorável (ou um desastre, como disse o próprio Dave).
A previsão do tempo do iphone indicava trovoada esparsa, mas quem tem iphone sabe que essa previsão é meio furada, então né, nem confiei. Fomos todos ao estádio sem casaco e sem capa de chuva. Chegamos meio cedo e ficamos panguando por lá batendo papo. O tempo começa a fechar, algumas nuvens se formando, nada de mais. Assim que o Artic Monkeys pisou no palco desabou uma chuva, mas uma chuva meu amigo que você não acredita. Daquelas que não dá pra abrir o olho, sabe? O vento vinha em golpes, e frio gente, que frio que fazia. Quando estávamos começando a ficar deprimidos de tanto frio e chuva, uns argentinos malucos (e todos são malucos, fato) arrumaram um saco plástico (aberto de um dos lados) improvisando um abrigo que acolheu a gente. Quando já não tinha mais espaço, olhamos pro lado e outros argentinos malucos arrumaram uma puta lona enorme que emendou com a nossa tendinha de saco plástico e abrigou cerca de 457 almas ensopadas. Daí passou o frio e começamos a sorrir de novo entoando tradicional cantiga porteña cujo refrão, título e verso era "la concha de tu madre". Uma bela canção.
*como esse é um blog de família não vou traduzir o nome da canção, mas concha nesse caso significa em português uma palavra que rima com bochecha*
(parênteses para informar que a chuva que caiu por quase uma hora e meia foi uma das maiores tempestades dos últimos tempos na cidade, quase um tornado)
Tanta água que um pedaço do palco caiu e um monte de luzes não funcionaram. Mas a chuva parou, e Foo Fighters começou a tocar. E daí passou o frio e foi só alegria. Ficamos praticamente sem fôlego por quase 3 horas.
E eu tento e tento descrever a sensação de estar lá, naquele momento. E não vou conseguir. Nunca vou conseguir explicar pra vocês o que é estar a alguns metros de um grande ídolo. O que é cantar junto com ele a música que você já cantou um milhão de vezes gritando no seu carro numa segunda feira de manhã qualquer. É uma emoção que não cabe no peito, e sinceramente, acho que só o rock desperta.
Vou terminar o post com um discurso do Dave, que foi mais ou menos assim (é o que lembro de cabeça).
"Antes de vir pra cá nos avisaram que estava chovendo. MUITO. Que o palco não ia aguentar, que uma parte já havia caído e as luzes não funcionariam, que a noite seria desastrosa. Mas que se dane, pedimos que as luzes do estádio ficassem acesas, e quer saber, que bom, porque agora posso ver cada um de vocês. Fico contente que a noite tenha sido um desastre. Muitas vezes, quando as coisas dão errado elas se tornam memoráveis. E acabam sendo as melhores. E o show dessa noite é um exemplo."
Eu assino embaixo.