segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Carta para minha sogra

Querida Dê,

Já faz pouco mais de um mês que você se foi.

Eu nunca havia perdido ninguém próximo, e sempre perguntava aos amigos que perderam seus pais ou mães se eles pensavam todos os dias em quem se foi. Todos respondem que sim.

Hoje eu não preciso mais perguntar, porque agora sei da resposta, porque penso em você todos os dias.

Fico lembrando de como você me acolheu de braços abertos lá em Brasília há 15 anos atrás e de como foi generosa comigo por todos esses anos. Lembro do som da sua gargalhada e como você jogava o corpo pra frente quando eu falava alguma bobagem (que não eram poucas). Lembro como você era ágil pra fazer qualquer coisa que a gente pedia, fosse um doce muito delicioso ou uma luminária complexa de crochet, tudo ficava pronto em tempo recorde. Você podia não admitir, mas também era atrapalhada, e depois de ficar muito muito brava e xingar todo mundo, morria de rir de si mesma.

Hoje percebo e admito o quanto éramos parecidas em vários aspectos e por isso discutíamos por coisas totalmente idiotas. Minha psicóloga sempre me disse isso, eu nunca contei pra ninguém, mas acho que você vai gostar de saber.

Vejo você diariamente no Thiago, na Má, no Felipe e no Zé.

E enxergo seus traços no seu netinho, que chegou trazendo uma luz ainda mais forte para essa família depois que a sua se apagou.

Que saudade.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Chocolândia, terra de ninguém

Olar.

Atendendo a um milhares de pedidos eu voltei.

E voltei pra contar que hoje quase apanhei no supermercado.

Chocolândia, unidade Santo Amaro, carinhosamente apelidada de Chocolixo ou terra de ninguém. Toda vez que eu vou até lá me parece que um micro apocalipse aconteceu naquela propriedade e as pessoas esqueceram de como se comportar em sociedade.

Já no estacionamento os motoristas imediatamente desaprendem a estacionar ou se locomover como seres normais. Tem um portão só para entrada e outro só para saída mas pffffffffffffffff quem se importa e daí aquilo vira um enrosco de imbecis: ricos, pobres, velhos, crianças.

Assim que entra você já deseja arrancar as próprias orelhas pois a RÁDIO CHOCOLÂNDIA está sempre ligada no último volume com músicas maravilhosas, últimos sucessos do forró, sertanejo e romântico/brega. E claro, eles tem um jingle que fica tocando na sua cabeça por horas choc choc choc choc chocolândia (da música vou te mostrar que é de chocolate de chocolate o amor é feito, cantem também!).

Aí tem as filas pra pagar.

Hoje como de costume os caixas estavam todos lotados e eu, com poucos itens, fui ao de 10 volumes (eu não sei vocês, mas conto os itens na cestinha de todas as pessoas que estão nessa fila, principalmente se estiver na minha frente, e se ultrapassar os 10 itens eu gentilmente aviso o cidadão do ~engano~). Quando entrei na fila, a moça que estava na minha frente com um carrinho com uns 20 itens contava discretamente seus pertences, mas não falou nada e ficou lá mesmo assim. Eu esperei ela colocar sobre a esteira 10 itens, no 11 eu avisei:

- Moça, esse caixa é de 10 volumes
- Oi?
- Esse caixa é para 10 volumes.
- Ai, jura? Mas eu só vi agora! Deixa eu passar aqui vai é rapidinho!
- Eu não vou deixar, olha o tamanho da fila atrás de mim.
- MAS EU NÃO VI QUE ERA EXCLUSIVO DE 10. TÁ ME CHAMANDO DE MENTIROSA?
- Não sei, não te conheço, só sei que essa fila é para 10 itens e você tem mais de 10 itens e eu vou passar na sua frente.

Daí me deu um medinho de apanhar porque ela começou a vir pra cima de mim gritando EU TB NÃO TE CONHEÇO NÃO ME CHAMA DE MENTIROSA mas tinha tanta gente em volta que ela baixou a bola, recolheu seus pertences do balcão, me xingou de mais alguma coisa e sumiu.

Piadas à parte, tem muita gente que tá cagando pro próximo e coisas assim fazem a convivência em sociedade ficar cada vez mais insuportável. Então, entrem nessa luta comigo e chame mesmo a atenção de quem faz errado estacionando em vagas reservadas, usando caixas exclusivos e rápidos, entre outras coisas usando a velha desculpa do ai não vi ou ai não sabia ou ai é rapidinho. A pessoa normalmente está ciente do erro, morre de vergonha de ser confrontada mas continua fazendo pois ninguém fala nada.

fim.