quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Amigos

Discussões intermináveis e acaloradas não aliviam a sensação terrível que eu sinto em relação aos amigos que não se fazem mais presentes. Ou não fazem questão de. Só consigo agora reuní-los no porta-retrato da minha estante. Frustrante. Segue um poeminha melancólico.

AMIGOS

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.

Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta

necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,

eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,

enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

...

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem

que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

...

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

...

E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.

...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meusamigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

(Vinícius de Moraes)

4 comentários:

Felipe disse...

morei dois meses em Bruxelas.

lá fiz ótimos amigos, sem nunca me esquecer dos daqui.

na hora de voltar, a dor é cruel, pois temos que deixar novos amigos para voltar aos novos, e esse tipo de escolha é de deixar qualquer um maluco.

não porque os antigos são melhores ou mais especiais que os novos, nem vice-versa, mas porque ter que se separar de gente tão querida é sempre muito difícil.

a lição que fica é que devemos aproveitar as amizades enquanto as temos por perto, pois nunca se sabe quando vamos ter que deixá-las.

Bruno Guima disse...

Eu já senti muito isso do que você fala e Vinícius atesta... em relação a amigos, família, etc... Mas a vida é assim mesmo. Se tem uma coisa que eu aprendi esse ano é que temos que aprender a dar o devido valor ao passado, mas ao mesmo tempo deixá-lo em seu devido lugar.
É muito difícil nos focarmos no presente, mas acho que é o caminho para sermos mais felizes.
A gente olha pro lado e vê que nem todo mundo que a gente queria que estivesse ali, está. Mas ainda tem muita gente legal. E sempre tá chegando mais.
Bezzo

Paulets disse...

Obrigada queridos pelos comments...vcs estão sempre presentes no matter what!!
Love u veeeeeeeery much!!!

Beijos

Anônimo disse...

cadê minha careta?!?!