quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobre gentileza

Eu sou da opinião que gentileza gera gentileza. Era pra ser uma via de mão dupla, mas nem sempre é assim. Não porque você não receba a gentileza de volta. Mas porque às vezes outras pessoas tentam ajudar mas só atrapalham.

Uma vez, num domingo, estávamos na Radial Leste e um cara no carro do lado pediu indicações de como chegar na Anhembi Morumbi. Era só ir reto, mas pela pista da direita. "Super fácil amigo, fique sempre à direita e daqui há algumas quadras, quando você enxergar um prédio grande entra à direita e pronto". Simples, não?
Pois é, só que tinha um outro prédio grande antes do prédio da Anhembi e o coitado pegou o viaduto que dá direto no Largo da Concórdia. Agora visualiza: domingo à noite, Largo da Concórdia.

Aposto que o colega tá me xingando até hoje.

Meu tio (o espanhol) tem um carrão super bacana. Os retrovisores só funcionam pelo controle interno. Quando ele está parado no trânsito, em pistas estreitas, ele fecha os espelhos pra não dar mole pra motoboy. Daí um dia ele estava com os vidros fechados, trânsito, espelhos fechados. O motorista do lado, tão gentil, que tava num carro alto, começou a sinalizar pro meu tio, avisando que o retrovisor tava fechado. Meu tio gesticulou com um joinha e acenou, agradecendo. Daí que o cara se põe quase metade do corpo pra fora da janela, pega o retrovisor do meu tio com as duas mãos e força o treco até a posição de encaixe. TEC TEC TEC TEC. Meu tio gritou e assoviou e gesticulou feito louco de dentro do carro. Mas o trânsito andou e o cidadão gentil que quebrou o espelho dele deve estar se sentindo orgulhoso de si mesmo até hoje. Magina, deve ter chegado em casa e falado pra esposa e filhos: "Papai fez uma boa ação hoje, ajudou um velhinho no trânsito que nem percebeu que tava com os retrovisores fechados".

E a família festeja.

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